A Homenagem bloco II

ALMOÇO A SUL… (de gente do Sul…de Angola)

O mesmo Portugal que deu novos mundos ao mundo, deu muitas gentes aos novos mundos. De um país demasiado estreito saíram, ao longo dos séculos, alguns dos mais audazes ou, no dizer de Agostinho da Silva, “gente que tinha tal força interior…que foi procurar …realizar o Portugal que eles não queriam morrer sem ver realizado e que não viam jeito de realizar cá dentro”.

A nós toca-nos sobretudo os que rumaram a Angola, especialmente os que, entre meados do Séc. XIX e as primeiras décadas do Sec. XX, se fixaram ao sul do território e que estão na origem da nossa naturalidade alexandrense.

Forjada na dificuldade dos primórdios e na coragem dos pioneiros nasceu Porto Alexandre, uma cidade viva de que todos guardamos recordações tão fortes que parecem tornar-se cada vez mais sólidas, ao invés de se esfumarem com o tempo. Dessa época heróica, alguns exemplos vivos continuam, felizmente, presentes.

Ainda há, entre nós quem possa contar-nos como era ir buscar água às cacimbas, não ter saneamento de qualquer espécie, não ter médico, nem hospital, nem medicamentos… Também podemos ficar a saber como foi criar empresas, comércio, cooperativas, indústrias…tudo o que lá deixámos há trinta anos.

É o caso de Nair Trocado Delgado que, aos 94 anos, nos faz companhia neste encontro.

Nela podemos rever todos os que já não podem estar aqui presentes e celebrar os seus feitos.

Nela podemos lembrar que entre os nossos avós se contam muitos heróis que nunca tiveram o nome escrito nos compêndios da história de Portugal.

Não deixemos morrer a memória.

Portimão, 9 de Junho de 2007

NR:

Texto de Maria Nair Delgado Peleira Almeida, neta da Homenageada.

legenda:
Dª Nair Trocado Delgado e
fotos 1 e 2 – Maria Nair
fotos 3 e 4 – Adélia Clara e Teresinha

crédito:
José Manuel P. Delgado